quarta-feira, 18 de março de 2009

Mantra

Vou retomar as postagens
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sexta-feira, 28 de março de 2008

Leia o livro!

Foi impossível para mim não associar "Vale Tudo – O som e a fúria de Tim Maia", de Nelson Motta, a "Chatô, o rei do Brasil", de Fernando Moraes. As duas biografias narram a história de figuras ilustres, Tim e Assis Chateaubriand, que tinham em comum a coragem, ousadia e liberdade para fazer absolutamente tudo o que desse na telha. Essa conduta trouxe para ambos, naturalmente, muitos problemas e até hoje divide admiradores e críticos. Sobre Tim, há quem diga que fazia apologia às drogas, não tinha postura profissional por faltar a tantos shows, era inconseqüente por dizer o que lhe passasse na cabeça, entre muitas outras coisas. Um fato, porém, não se pode negar: a musicalidade de Tim era (e é) irresistível.

Das primeiras gravações, passando pela fase racional até a tática "meio esquenta-sovaco, meio mela-cueca" (ele afirmava que seu sucesso vinha daí: alternar canções românticas e animadas), o som desse carioca – a soma entre seu vozeirão e sua enorme exigência técnica - é brilhante. Nem mesmo quando foi tomado pelo radicalismo da crença no livro "Universo em Desencanto" Tim perdeu qualidade. Ao contrário: Racional I e II, os discos dessa época, embora não tenham feito sucesso quando lançados, hoje são raridades disputadíssimas e, de uns anos pra cá, têm sido redescobertos e freqüentado muitos shows e festas no Brasil todo. Imagino se ele iria adorar ou abominar essa repercussão tardia, já que, após se "libertar" do Racional Superior, Tim passou a renegar sua produção daquele período. Eu defendo a idéia de que ele deveria ter feito novas versões (as melodias são deliciosas, mas as letras cansam pela pregação) e relançado esses álbuns.

Indico o site do livro, que tem material complementar como outras fotografias e links de vídeos no YouTube, além de todas as músicas mencionadas no livro, para audição. Dá para deixar tocando desde a primeira e curtir atéééé a centésima vigésima primeira! Estão lá os mega sucessos como Descobridor dos Sete Mares, Vale Tudo, Sossego, Me dê motivo, Do Leme ao Pontal... mas também registros mais antigos, nos quais o timbre do cantor parece até soar diferente. Talvez a explicação seja porque em Coroné Antônio Bento, Cristina, Não vou ficar, Idade, entre outras, sua voz ainda não estivesse contaminada pelas décadas de triatlo (álcool, maconha e cocaína) que viriam. Nas gravações da fase racional, quando Tim permaneceu careta, essa diferença também fica evidente.

Agora, se você quer conhecer todas as loucuras que Tim Maia aprontou antes de nos deixar, há 10 anos (ele partiu em 15 de março de 1998), trate de conseguir um exemplar da biografia escrita por Nelson Motta e arrumar uma tarde livre, pois esse é todo o tempo de que se precisa para devorar as 392 páginas. Talvez até se gaste mais, mas só porque esse livro é daqueles que ficamos com dó de terminar, à medida em que nos aproximamos do fim. Aproveitando frases do Tim Racional: Não perca tempo! Leia o livro "Vale Tudo – O som e a fúria de Tim Maia".


terça-feira, 25 de março de 2008

Para os desmemoriados, YouTube

Tem coisas na vida que eu presencio mas, tomada pela emoção, não me dou conta de como foram exatamente. O problema é que isso geralmente ocorre com momentos agradáveis e, não, o contrário, como seria conveniente. Prova desse fenômeno são alguns shows a que já assisti. Dias depois, amigos que também estavam na apresentação dizem: “lembra aquela hora em que ele cantou tal música? Foi ótimo!”, e eu respondo: “ele cantou essa música?!?!”. Não sei por que isso acontece comigo, talvez eu fique tão extasiada que nem consiga memorizar certas passagens.

Para me ajudar, existe o YouTube e existem milhares de pessoas que postam no YouTube registros de momentos que adoro recordar. Um deles é a versão de Jamie Cullum para “Dindi”, de Tom Jobim, no show em Belo Horizonte, em 2006. Foi incrível vê-lo, ao vivo, cantando (ou esforçando-se muito para cantar) em português uma música que não era a manjada “Garota de Ipanema”. E eu estava lá!


quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Lar, doce lar

Morar sozinha é algo que desejo desde os 15 anos, mais ou menos, e que conquistei recentemente. O apartamento é modesto: pequenino e simples, mas é todo meu. No fundo, no fundo, é do dono, a quem pago o aluguel todo dia 15, mas durante algum tempo ele continuará sendo meu. Tentei arrumar companheiras para dividir as despesas, mas não houve quem se dispusesse, na época. Depois me acostumei à idéia de ficar sozinha mesmo e, agora, quem não quer dividir nada sou eu.

É bom e ruim ao mesmo tempo, porque às vezes dá pra sentir falta de companhia – sobretudo na hora de dormir. Para não sofrer desse mal, conto com meu namorado, naturalmente, que passa bastante tempo lá e, muitas vezes, dorme comigo; e com meus pais que, morando em João Pessoa, vêm constantemente me ver e passear no Recife. Tenho ainda três vizinhos (do total de oito) que conheci anteriormente, no trabalho. Porque quatro dos nove apartamentos do prédio são ocupados por amigos, carinhosamente apelidamos o condomínio de Melrose.


A mordomia com que começo esta nova etapa é fantástica. Ganhei praticamente tudo, da cortina do chuveiro à geladeira, das estantes ao microondas, do sofá às camas. E, instalada há menos de um mês, já posso dizer: nada como ter um espaço só seu, para arrumar – ou não – exatamente como quiser. Estou me sentindo brincando de casinha, numa casinha em que tudo é de verdade.

Ah, não esqueci outras visitas, não: parentes e amigos, claro, sobretudo oriundos das distantes Minas Gerais, que devem aportar por aqui (por favor!) principalmente no verão e, especificamente, no carnaval. Aguardo por todos, ansiosamente. Tragam colchonetes, um queijo minas e sintam-se em casa.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

O paraíso dos motoristas


O trânsito de Belo Horizonte, para mim, nunca foi dos melhores, mas, depois de vir morar no Recife, me dei conta de que o tráfego da capital mineira é uma maravilha. O trânsito do Recife é caótico. Costumo dizer que aqui é o paraíso dos motoristas, já que tudo é permitido. Invadir a contramão sem se preocupar com quem vem de lá; mudar subitamente de pista sem olhar para o lado e, claro, sem cogitar ligar a seta; parar na fila dupla, mesmo com vagas disponíveis; ignorar veículos com preferência... Tudo perfeitamente normal.

Há duas coisas, porém, que achei especialmente curiosas – e irritantes. Uma é o fato de que, aqui, usa-se a buzina para tudo. “Ó, estou atravessando um cruzamento”: fonfon! “Ô, da bicicleta, fica esperto que eu to passando”: fonfon! “Sai da frente”: fonfon! E tem ainda a impressão de que todos os motoristas, enquanto esperam o sinal verde (a não ser o primeiro da fila), ficam com a mão a postos para pressionar a buzina tão logo o sinal abra, como que para apressar quem está na frente e sem levar em conta aqueles segundinhos que gastamos para ver que o sinal abriu, engatar a primeira e sair. Mesmo se o carro do cara for o décimo da fila, o que implica que ele vai demorar um pouco mais a arrancar, ele está lá, pronto para buzinar imediatamente após o sinal ficar verde, como se isso fosse adiantar alguma coisa pra ele. E tem mais uma, que eu nunca tinha ouvido contar: as torcidas têm [vou aproveitar o têm enquanto posso] buzinadinhas específicas para identificar cada um dos principais times de futebol daqui (Sport, Náutico e Santa Cruz). Já consigo reconhecer a do Sport e a do Náutico.

O outro aspecto do trânsito recifense, e para mim o mais absurdo de todos, é a freqüência e a tranqüilidade com que os motoristas, numa via de mão dupla, posicionam o veículo à esquerda da faixa (podendo ou não invadir a contramão), param o carro em qualquer altura da rua, ligam a seta esquerda – ou não – e esperam calmamente uma brecha no tráfego da mão ao lado para entrar à esquerda, seja para fazer uma conversão, um retorno, estacionar em frente a uma loja ou entrar numa garagem. Enquanto isso, os carros que tiverem a infelicidade de estar atrás daquele desviam ou aguardam para poder seguir.

Eu fico abismada com esses comportamentos dos motoristas do Recife. Confesso abertamente que dirijo mal, sobretudo porque sou uma motorista recente e dirigi pouquíssimas vezes após tirar a carteira. Tenho ainda aquele receio natural de encarar o trânsito, e este daqui não está ajudando.